Uma realocação de 2 trilhões de dólares

01/08/2017

No dia em que publicamos o nosso vídeo semanal MyCAP - Tendências Globais, vale a pena retomar uma tendência dominante nos últimos anos que está diretamente ligada aos mercados. Estou falando de uma realocação global de recursos, aquela na qual investidores de todo o planeta parecem estar realocando recursos originalmente destinados a gestores ativos em direção a fundos passivos, também conhecidos em inglês como ETFs (Exchange Traded Funds). Influenciados pela recente revolução que abalou a industria de entretenimento (Spotify e Netflix), onde ocorreu enorme redução no custo de acesso aos serviços, investidores vem demonstrando um enorme apetite por ETFs nos últimos anos, especialmente devido a dois fatores: baixos custos de administração e diversificação. O assunto não é novo, mas dado que um dos mais famosos "podcasts" americanos, o "Freakonomics Radio", resolveu dedicar um programa ao tema, julgo relevante reiterar que o "momentum" parece ser extremamente favorável a esta tendência. Recentemente, em um outro "podcast", "The Meb Faber Show", dois analistas fizeram uma aposta com relação ao ano no qual a quantidade de recursos administrados passivamente via ETFs (aprox. US$4 tri) irá superar a quantidade gerida ativamente via fundos mútuos (aprox US$16 tri). O ano acordado entre os apostadores foi 2023. De volta ao Freakonomics, o "podcast" desta semana parece uma celebração da industria de ETFs, que como sabemos, é dominada por quatro enormes gestores: BlackRock, Vanguard, State Street e Invesco. Apesar de tamanho "lobby" da industria, esta tendência está ancorada em fundamentos sólidos, pois, a julgar pela performance nos últimos anos, os fundos passivos vem superando os ativos em larga margem. Aqui no Brasil, embora também tenhamos alguns ETFs, muitos sofrem de baixa liquidez. Com um mercado bem menor e uma base de investidores pessoas físicas ainda reduzida, a demanda por tais produtos ainda é pequena. Mesmo assim, acredito que este fenômeno global tenha uma influência local através de uma pressão para que os custos associados a uma gestão ativa fiquem cada vez menores.

Marink Martins


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