VALE3 - Mudança de vento

01/06/2018

Em um mercado de ações um tanto limitado quanto ao número de ativos "investíveis", como é o brasileiro, as ações da Vale vinham se destacando por oferecer ao investidor, dentre alguns atributos, uma bela proteção cambial.

Entretanto, há sinais vindo do oriente que indicam que o segundo semestre deste ano deverá ser mais desafiador para a exportadora brasileira.

Embora o setor de construção civil chinês venha registrando crescimento a cada mês, sua taxa de crescimento vem declinando. Até aí, nenhuma surpresa.

O que há de novo é uma maior rigidez na concessão de crédito na China com impacto direto no mercado imobiliário daquele país. Até então, todos sabiam que o governo chinês, cada vez mais centralizado, seguia uma política ancorada em dois pilares: melhorias no meio-ambiente e estabilidade do sistema financeiro.

Mas, até mesmo em uma economia manipulada como a chinesa, as coisas nem sempre funcionam conforme planejado. O que vemos recentemente é que a luta para manter o sistema financeiro estável vem gerando uma série de regulamentações que vem contribuindo para travar a economia. E o mais agravante é que especialistas na região, como a Gavekal, acreditam que esta tendência deverá se intensificar neste segundo semestre de 2018.

Tudo isso é, naturalmente, negativo para fornecedores de matéria-prima como é o caso da Vale.

Além disso, há sinais de que a pressão cambial vista nas últimas semanas tende a se dissipar visto que há dólares em abundancia circulando pelos mercados.

De acordo com a Gavekal, uma das razões para a surpreendente valorização da moeda americana foi de cunho técnico. Após a fala de Steven Mnuchin no fim de janeiro deste ano -- aquela que indicava que os EUA se beneficiariam de um dólar mais fraco -- houve um exagero nas apostas de que a moeda americana se desvalorizaria.

Tal fator, combinado com indicadores de crescimento econômico mais fracos na Europa e Japão, contribuíram para um tremendo "short-squeeze" no mercado de câmbio. Uma vez superado esta situação de estresse, a Gavekal prevê um dólar mais fraco e uma certa recuperação nos mercados emergentes.

Marink Martins

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