Widely held, Overhang, e Capitulation: expressões que definem o atual momento da bolsa.

15/06/2018

Ontem, durante a live que conduzo diariamente pela "Inversa Publicações" brinquei que há mais gente torcendo para a bolsa subir do que torcedores a favor da seleção brasileira.

Desde o período que marcou o impeachment de Dilma Rousseff, a mídia financeira embarcou em uma tese de que a vez do Brasil havia chegado, de que os ativos brasileiros estavam uma pechincha. De fato, a 40.000 pontos o IBOV provou-se barato. Mas, e a 87.000 pontos?

O problema é que toda a indústria financeira está condicionada a induzir o pequeno investidor a ser um investidor de longo prazo. Fazem uso da imagem do grande investidor Warren Buffet para transmitir a ideia de que a forma de se acumular patrimônio é através de uma carteira diversificada consistindo de ativos cuidadosamente selecionados. Selecionados por quem cara pálida? Por eles, of course!

Diante de tudo isso, o que temos no presente momento são ações que estão widely held e que produzem um enorme overhang. Vou explicar.

A primeira expressão (widely held) quer dizer que as ações de algumas empresas, as ditas "queridinhas" da bolsa, migraram das mãos da elite para as mãos do público em geral. Quando este fenômeno ocorre, é como se o comprador de ações entrasse em greve.

Um ótimo exemplo deste fenômeno ocorreu lá atrás entre 2000 e 2002 com as ações da gigante Microsoft. Após uma brilhante alta no preço das ações durante a década de 90, as ações chegaram ao patamar de US$65,00 nas mãos de inúmeros incautos que entraram no mercado no fim do ciclo de alta, em busca de um retorno rápido.

Pois bem, aqueles que seguraram tais ações tiveram que amargar 10 anos de lateralidade nas bolsas.

Tal fenômeno está para acontecer por aqui.

Tá certo que, em caso de que a nossa moeda vá para a cucuia, a maioria dos ativos de renda variável terá ganhos nominais. Vejam o que ocorreu com o índice Merval na Argentina e vocês compreenderão o que pode estar por vir.

Já a segunda expressão (overhang) refere-se ao fato de que investidores com perdas acumuladas em um determinado ativo tornam-se torcedores para que o preço daquele ativo retorne a seu preço de aquisição para que ele possa finalmente dormir em paz, sem, de fato, registrar uma perda contábil.

Aqui temos o fenômeno de aversão a perdas, um viés muito discutido pelo celebre professor de finanças comportamentais, Daniel Khaneman. Este comportamento gera um enorme atrito na dinâmica de preços do ativo considerado em estado de overhang.

Em muitos casos, entretanto, as perdas se acentuam e geram um outro fenômeno conhecido como capitulation.

Neste, a perda simplesmente se torna grande demais para que o investidor consiga dormir e levar uma vida normal.

Em um dado momento, ele simplesmente resolve "jogar a toalha" e sair do mercado. Quando um grupo relativamente grande é tomado por este sentimento, temos a presença deste fenômeno.

Sua ocorrência normalmente coincide com dias de elevados volumes negociados que marcam o início de um novo ciclo de alta, seja em um ativo específico, ou no mercado como um todo.

Marink Martins 

A húbris ou hybris é um conceito grego que pode ser traduzido como "tudo que passa da medida; descomedimento" e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção, arrogância ou insolência, que com frequência termina sendo punida.

A mídia financeira não para de fazer alarde no que diz respeito à falta de apetite dos investidores estrangeiros. Foi publicado ontem no Valor Econômico:

A imagem abaixo busca classificar os detentores de ações emitidas por empresas americanas entre as seguintes modalidades: famílias (Households), fundos passivos, fundos indexados (ETFs), fundos ativos, fundos de pensão, investidores estrangeiros, "hedge funds", empresas, e outros. A imagem é um tanto polêmica, pois apresenta o valor de mercado do...

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