Na última sexta-feira escrevi sobre um enorme desequilíbrio de
forças entre os ditos "comprados" e "vendidos" no mercado de opções de
Petrobras PN (ver "O curioso caso da Opção PETRE56 - nasceu velha e hoje é uma
criança").
Embora eu seja um grande defensor da rolagem prévia de
operações de um vencimento para o outro por razões de natureza técnica,
confesso que a situação descrita acima me desperta enorme curiosidade sobre a
trajetória de preço das ações da Petrobras nesta importante semana.
Dediquei um bom tempo ao longo deste domingo analisando o "mapa"
de tais opções com base no fechamento de sexta-feira. Longe de ser um processo
científico, é possível atribuir probabilidades a alguns cenários com base nas
relações entre titulares e lançadores, assim como na magnitude das exposições
em contratos "dentro-do-dinheiro".
Sendo mais objetivo, a forte e rápida apreciação nas
ações da Petrobras deixou muitos vendidos em contratos que rapidamente se
tornaram "deep In-the-money" (bem dentro-do-dinheiro). Como muitos
participantes deste mercado não dispõem de caixa suficiente para bancar as
elevadas chamadas de margens da B3, eles naturalmente atenuam tal situação de "stress"
adquirindo contratos de opções posicionados "fora-do-dinheiro". E é justamente
aí que tal dinâmica torna-se interessante.
Com 5 dias úteis para o vencimento de opções, o ritmo de
decaimento de preço das opções é extremamente acelerado. Sendo assim, segurar
tais opções se assemelha a segurar batatas quentes, e ninguém quer sair deste
jogo queimado.
Mas, o jogo de opções é um jogo de soma zero, muito
influenciado por aqueles com maior "poder de fogo", também conhecido nos
mercados, como "mãos fortes". E quem seriam eles?
Tratam-se de investidores institucionais, com a combinação de
elevada disponibilidade de caixa e grandes posições no ativo base, capazes de
influenciar diretamente o preço da ação através de suas ordens de compra e
venda.
O que vemos através do mapa das opções sugere que tais
investidores estão "financiados" no mercado. Eles estão comprados em opções "dentro-do-dinheiro"
e vendidos em opções "no-dinheiro" e "fora-do-dinheiro".
Caso tal leitura esteja correta, o mais provável é termos um
mercado mais lateralizado e com volatilidade implícita declinante, focado mais
na passagem do tempo do que em movimentos direcionais.
Uma boa semana a todos,
Marink Martins