É proibido LUCRAR!

09/08/2018

Aqueles que são fãs do programa norte-americano Shark Tank sabem muito bem quem é o Kevin O´leary, também conhecido para os íntimos como Mr. Wonderful. Eis que O´leary, um frequentador assíduo da programação da CNBC, proclamou ontem que a pior coisa que a empresa de carros elétricos de Elon Musk, a TESLA, deve fazer é registrar lucros!!!

Mas como assim? Perguntou a jornalista da CNBC estupefata!

Eu teria feito a mesma pergunta caso já não estivesse familiarizado com esta nova tese presente em Wall Street -- aquela popularizada pelo professor de branding da NYU e autor do livro The Four, Scott Galloway.

Tal tese é uma na qual empresas dominantes e inovadoras como a Amazon, capitaneada por Jeff Bezos, e a TESLA, por Musk, tendem a se valorizar na medida que continuamente aumentam seus investimentos (capex) em busca do fortalecimento de uma narrativa convincente, capaz de fazer com que seus fãs-investidores ignorem os dados contábeis e não as comparem com outras empresas listadas.

O´leary, que é um proprietário apaixonado de um TESLA Modelo S, disse que caso a empresa de Musk comece a registrar lucros, ele inevitavelmente terá que aplicar um múltiplo de mercado as ações da empresa - o que convenhamos - seria um desastre para o valuation da empresa.

Embora o astro de Shark Tank adore os carros da TESLA, ele odeia as ações da empresa. Para ele, as ações deveriam ser precificadas utilizando múltiplos similares aos praticados no setor automobilístico - algo como uma relação de Preço/Lucro entre 10x e 15x. O´leary não é um adepto da tese de que a TESLA seja uma empresa de tecnologia. Para ele as ações são precificadas de acordo com uma narrativa fantasiosa, uma na qual investidores querem, a qualquer preço, ser sócios da pessoa que eles julgam ser o Thomas Edison deste novo milênio.

E observem que O´leary não está sozinho no grupo de céticos com relação as perspectivas da TESLA. As ações da empresa são as mais "shorteadas" do mercado.

Por tudo isso, o tweet publicado por Musk esta semana expressando seu desejo de fechar o capital da empresa, comprando as ações em circulação no mercado pelo preço de US$420/ação, poderá representar um dos mais épicos corners de mercado.

Se concretizado, poderá ser algo reminiscente do corner ocorrido nas ações da VW em 2008. Ou mesmo, algo como o mais recente "espreme" promovido por Carl Icahn nas ações da empresa Herbalife. O vendedor a descoberto, Bill Ackman, deve estar lambendo suas feridas até hoje. (Para os mais curiosos, assistir ao documentário na Netflix -- Betting on Zero).

Por outro lado, caso Musk esteja blefando ou não consiga o funding necessário para honrar tal operação, prepare-se para o caos! O preço das ações derreteria e Musk certamente seria processado pela SEC e por investidores raivosos. Por isso mesmo, podemos atribuir uma baixa probabilidade de que a operação não saia. 

Marink Martins


Watanabe é o quinto sobrenome mais comum no Japão, e após o estouro da bolha japonesa no fim dos anos 80, tal nome foi atribuído às donas de casas do país que passaram a se envolver intensamente em uma operação financeira conhecida como "carry trade". De forma mais simples, tal operação consiste na obtenção de recursos em um lugar onde...

No texto que publicamos na última sexta-feira, busquei te chamar atenção a respeito da possibilidade de entrarmos em um período de "outperformance" do Ibov em relação ao S&P 500. Afirmei isso, com base na seguinte premissa:

Observe que a divulgação de um PIB mais fraco -- algo que poderia ser visto como um "catalisador" para cortes na taxa do "fed funds" -- derrubou os mercados, ao invés de turbiná-los. Me parece que o mercado quer mesmo é ver crescimento econômico. Assim, uma maior possibilidade de cortes no "fed funds" -- provocados por sinais de fraqueza na...

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