Mendonça de Barros vs. Schwartsman

19/03/2018

Abaixo você encontrará um resgate de um texto do MyVOL do ano de 2016, por sua relevância com o comentário de mercado A virada de mão de Mendonça de Barros


Há quase um ano, o público testemunhou um caloroso debate entre os economistas Luis Carlos Mendonça de Barros e Alexandre Schwartsman no programa Globo News Painel com William Waack. Na ocasião, Schwartsman afirmava que, embora a crise provocara um mal estar na população, esta não se conscientizou da profundidade dos problemas que assolam o país. Sua visão colidiu com aquela de Mendonça de Barros que, mais otimista, acreditava que, em momentos de adversidade, o Brasil sempre acha um caminho alternativo para retomar o crescimento econômico. O debate era tenso, com Schwartsman acusando Mendonça de Barros de ingênuo, e Mendonça de Barros acusando Schwartsman de cético pessimista. 


Um vídeo de 4 minutos deste debate está disponível abaixo:

Embora a recente queda do dólar e a alta da bolsa brasileira evidenciem um ponto de inflexão no que diz respeito ao nível de confiança do empresariado brasileiro, precisamos de mais tempo para proclamarmos um vencedor de tal debate, ainda que o jogo esteja mais favorável para o otimismo de Mendonça de Barros. Estamos bem avançados no processo de impeachment, temos uma equipe econômica de alto nível, um líder da câmara alinhado com os interesses do governo, e um plano de ação que contempla os principais problemas econômicos endereçados por Schwartsman, que são o deficit da previdência e as transferências de renda. Entretanto, falta votar e aprovar; o que não será fácil.

Pesquisas feitas junto a população brasileira indicam que, embora o povo esteja consciente do problema previdenciário, este acredita que a idade justa para a aposentadoria é 55 anos. Bem, é nítido o conflito implícito em tal afirmação pois a aposentadoria precoce (55 anos) é justamente uma das causas do problema previdenciário. Dito isso, será uma longa batalha reminiscente da árdua luta para aprovar o direito a reeleição presidencial nos anos 90. Sem a aprovação de tal reforma, afundaremos em um deficit nominal que beira os 10% do PIB, com o potencial de nos levar a uma monetização da dívida federal e uma eventual maxidesvalorização do câmbio. Por tudo isso, é importante que o investidor de renda variável não se deixe levar pelo oba-oba, implícito em expressões como "tsumoney", "a compra do século" e muitas outras ventiladas pela mídia financeira nos últimos dias. É fato que o Ibovespa é um indicador antecedente e sujeito a exageros, tanto no otimismo como no pessimismo. Uma boa parte da alta registrada neste mês de julho pode ser atribuída a forte valorização nos preços das ações de empresas do setor elétrico com base em expectativas e muito blá-blá-blá sobre privatizações e reformas setoriais. De concreto até o momento, nada. Recomenda-se cautela e o uso de derivativos para proteger suas posições em bolsa. 

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