O gráfico acima nos mostra a performance em moeda local dos principais índices de renda variável do Brasil, da Índia, do México e da Indonésia.

É certo que em horas de desespero é necessário tomar medidas impopulares de forma rápida. Nesta pandemia, decretada em março deste ano, foram diversas as medidas anunciadas por governantes buscando, não só conter a transmissão do vírus, mas também preservar o bem estar do trabalhador.

Recentemente ouvi de Jim Cramer que ações hoje representam escassez, reserva de valor. Não havia ironia em sua fala, mas sim uma aceitação de um novo "zeitgeist" - o espírito da época.

Denomina-se de "pato manco" (lame duck) aquele que está no poder, mas que, em virtude de forças políticas, já não consegue alterar o destino de seu governo. Salvo qualquer reversão no processo eleitoral americano, Donald Trump ficará no poder até o dia 20 de janeiro de 2021. Até lá, é quase certo que o irreverente governante não vai passar...

Em uma das apresentações feitas pela casa de pesquisa Gavekal ouvi uma anedota interessante que vale a pena compartilhar. Dizem que o líder da revolução comunista, Mao, reapareceu em sua cidade natal ao longo de 2020 e teve a seguinte conversa com um fazendeiro local:

Hoje comemora-se o dia dos veteranos de guerra nos EUA e o dia dos solteiros na China. É dia de promoção na Alibaba - dia do famoso 11/11. No entanto, quando o assunto é o mercado de ações, podemos falar que a semana (até o momento) tem sido de pura celebração para as ações veteranas; estejam elas aqui no Brasil ou lá fora....

Ontem foi um dia importantíssimo nos mercados. Se eu tivesse que contar o ocorrido para um veterano de mercado eu diria que, as últimas 24 horas, foram análogas ao ocorrido em todo o terceiro trimestre de 2007. Tivemos ontem um movimento de rotação setorial capaz de provocar estragos em fundos quantitativos similares aqueles que balançaram fundos...

A outra cauda

09/11/2020

Quando nos referimos ao risco de cauda, normalmente pensamos no risco de uma queda expressiva nos preços dos ativos. As vezes esquecemos que uma distribuição de eventos também possui uma outra cauda; aquela associada à valorização dos ativos.

A percepção do que ocorreu nos mercados de ações globais nestes últimos dois dias nos EUA é que, aquilo que deu certo nos últimos meses, continuará atraindo cada vez mais capital. Assim, empresas norte-americanas do setor de tecnologia -- beneficiadas pelo fenômeno "stay-at-home" - se valorizaram de forma expressiva a despeito de um "valuation"...

Neste momento -- início da madrugada nos EUA - começamos a ver um maior ruído no que diz respeito à possibilidade de contestação dos resultados. Trump escreveu um twit que foi censurado. Biden tentou passar confiança, dizendo que vai vencer nos quatro estados no título deste texto. Mas... sei não hein...

Se assumirmos que as pesquisas eleitorais registrarão um erro inferior aqueles registrados em 2016, o mais provável é que Joe Biden vença a eleição presidencial americana e assuma como o quadragésimo sexto presidente dos EUA no dia 20 de janeiro de 2021.

Crescemos em um mundo em que não havia tanta dificuldade para discernirmos um investimento seguro de um mais arriscado.

Confesso que, se fosse me dado o poder de decidir o resultado das eleições nos EUA (presidência e congresso), eu teria dificuldades para escolher um resultado, pois não consigo enxergar aqueles cenários binários clássicos. Uma vitória de Biden, em tese, deveria contribuir para uma queda nas bolsas, mas há quem diga justamente o contrário.

Temos duas semanas pela frente que prometem muita emoção. Resultados corporativos, eleição presidencial nos EUA, pacotes econômicos; tudo estará em jogo nos próximos dias e deverá fazer jus ao VIX (medida de volatilidade associada ao índice S&P 500) que teima em se manter elevado -- próximo ao patamar de 30%.

Se você está atento ao que está em curso na eleição presidencial nos EUA, sabe que as pesquisas indicam Biden como o favorito a vencer as eleições.